*seja bem-vindo, pessoal
Por Vitória de Santi
Eu
confesso, quando se trata de animes e mangás, sou (bem) leiga no assunto. Nunca
tive vontade ou interesse algum, mesmo com minha irmã – que é viciada neles – praticamente todo dia tentando me apresentar algum anime que tenha
assistido ou um novo mangá que tenha lido. E para escrever aqui a respeito, tive
que fazer uma extensa pesquisa e mergulhar de cabeça nesse novo mundo, já estou
praticamente falando japonês. Brincadeira, claro que não.
Mangá
significa, literalmente, história em quadrinhos. Mas também, é uma palavra que
adquire sentidos diferentes dependendo de quem a utiliza. Para os japoneses,
mangá é mesmo qualquer história em quadrinhos, mas para nós, ocidentais, mangá
é qualquer história em quadrinhos que foi produzida no Japão. Percebeu a
diferença? O mesmo acontece para anime. Anime significa animação. Para os
japoneses é qualquer animação, mas para os ocidentais é qualquer animação que
foi produzida lá.
Mangás
e animes encontram-se intimamente ligados, pois a partir de mangás são criados
animes e o contrário também acontece, a partir de animes são criados mangás.
Por estar tão relacionados, sua classificação acontece da mesma forma, os
gêneros existentes são usados para caracterizar tanto os animes quanto os
mangás.
Entre a grande quantidade de gêneros,
destacam-se doze: shounen, shoujo, mahou shoujo, seinei, josei, kodomo, mecha, ecchi, hentai, yaoi, yuri e
kemono. É importante deixar claro que quase nunca um mangá ou anime possui
apenas um gênero. Eles podem possuir um gênero predominante, é verdade, mas
sempre mais de um gênero está presente. Por exemplo, um anime que envolve luta
e robôs mistura dois gêneros: shounen
com mecha.
Um
anime ou mangá caracteriza-se como shoujo
a partir do momento que retrata na sua história algum relacionamento entre os
personagens, seja um romance ou uma amizade, por exemplo. É muito comum os shoujos se passarem num ambiente escolar
e mostrarem o dia-a-dia dos personagens, além disso, a maioria deles possuem um
final feliz.
Como exemplos de shoujo,
há o famoso anime Lovely Complex, Lucky Star, Nana e K-On. Uma variação do shoujo é mahou shoujo, que é, basicamente, um shoujo, só que possui um personagem principal – geralmente feminino
– com poderes mágicos. O mahou shoujo
que mais se destaca é Sailor Moon, mas Sakura Card Captors também é bastante
valorizado. Sendo, geralmente, um shoujo,
mas protagonizado por um casal gay masculino, é o gênero yaoi, como acontece em Junjou Romantica. E há também yuri, que é como o gênero yaoi, só que o casal gay é feminino.
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(Foto: silence-in-the-dark.blogspot.com.br) |
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(Foto: aberturasdenaruto.blogspot.com.br) |
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(Foto: animeai.com.br) |
O gênero que faz com que o leitor saia da sua
zona de conforto e reflita a respeito dos mais diversos assuntos é o seinen, que exibe a realidade, real ou
imaginária, de forma crua e densa e, normalmente, não apresenta um final feliz.
Como exemplos de seinen há Berserk, Vagabond,
Mushishi e o mangá Solanin.
Um gênero disponível apenas através dos
mangás é o edumangá. Nele, são transmitidas informações a respeito de uma
matéria específica a seus leitores. Assim como nos animes, onde fatos da
história real são passados através de personagens e enredos.
Outro
gênero existente é o ecchi, no qual é
possível encontrar tiradas e um humor relacionado ao sexo, além de
características na forma física das personagens ou em suas roupas. Não chega a
ser pornográfico, mas possui um apelo sexual notável. Alguns ecchi são: Love Hina e
High School of Dead. Já
o hentai é uma versão bem mais forte
e explícita do ecchi, pois tem como
objetivo realmente mostrar cenas pornográficas.
Como
foi explicado anteriormente, mangás são histórias em quadrinhos. Sua origem é
datada no século 8, onde eram escritos em rolos de papel e suas histórias eram
narradas com a escrita e o uso de imagens, só que nessa época, as imagens
apenas serviam como mera ilustração, não tendo grande importância como nos dias
de hoje. Posteriormente, os mangás passaram a ser produzidos em livros e foram
evoluindo cada vez mais até chegar à forma pela qual conhecemos atualmente.
No
Japão, os mangás são publicados em revistas. Em cada edição delas, são
publicados mais de um mangá, sendo apenas um capítulo destinado a cada um
deles. Deu para perceber que a publicação de mangás no Japão acontece de forma
diferente da do Brasil, certo? Aqui no Brasil, os mangás são vendidos
separadamente, em volumes, no qual há mais de um capítulo.
Quanto à estética, as
páginas dos mangás são em preto e branco, sendo raras as páginas coloridas, que
são comuns apenas quando são feitas edições especiais. E quanto às suas
características, os mangás têm que ser muito bem trabalhados quando se trata
das expressões faciais, porque como não possuem o artifício da voz, como os
animes, para expressar as falas e os sentimentos dos personagens, as expressões
faciais têm que expressar muito bem o que o autor quer dizer para que o leitor
compreenda. Outra característica marcante é o traço dos desenhos, é possível
diferenciar os mangás por gêneros através da observação dos traços. Por
exemplo, os mangás do gênero shoujo
possuem traços mais delicados e trabalhados. Por último, é notável também a
representação dos cenários de cada cena apresentada no mangá. Alguns mangakas
(desenhistas de mangá) prezam por representar a paisagem que acontece numa cena
tal como ela é na vida real, é comum você observar num mangá o desenho de alguma
parte de uma cidade japonesa. E não poderia deixar de citar também, a forma que
a leitura do mangá acontece. Ao contrário de nós, ocidentais, que lemos no
sentido da esquerda para a direita, os mangás são escritos para serem lidos no
sentido da direita para esquerda.
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(Foto: animevice.com) |
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(Foto: punynari.wordpress.com) |
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(Foto: pt.wikipedia.org) |
Em relação ao anime, é muito comum, que eles surjam
depois de um mangá. Ou seja, grande parte dos animes são baseados em mangás. Os
animes são divididos em episódios que formam, por sua vez, temporadas. Pode
acontecer de animes conterem episódios fillier. Fillier, para quem não sabe, é
quando no anime ou mangá há cenas diferentes ou totalmente novas da obra
original, geralmente o público não gosta de episódios que não são fiéis aos
originais, mas pode acontecer do filler ser bem melhor que a historia baseada.
Além do anime, podem ser lançados também filme e OVA’s. Quanto a OVA, funciona
como um extra do anime, podendo mostrar o que acontece antes do início da
história ou depois do fim da história.
Uma característica
muito importante e marcante do anime são as vozes dos personagens. Geralmente,
só a partir da voz do personagem você já consegue pensar em como esse
personagem é, quais as características dele ou até mesmo como é o comportamento
e o temperamento dele. A voz é, portanto, muito influente no anime. Além disso,
as expressões faciais são importantes também, com aqueles típicos símbolos que
expressam o sentimento do personagem, se com raiva, com alegria ou com
tristeza.
Aqui no Brasil,
principalmente nos últimos anos, os animes e mangás conquistaram muitos fãs, os
chamados otakus, que são aqueles que acompanham os lançamentos e estão por
dentro de tudo o que diz respeito a esse assunto. Para conectar-se mais ainda
com essas obras, os otakus realizam o que é denominado cosplay, que nada mais é
do que se caracterizar de acordo com um personagem e, portanto, entrar no mundo
em que o mesmo faz parte.
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(Foto: bitsmania.com.br) |
É notável o que os japoneses conseguem
produzir e expressar através dos animes e mangás. Esse trabalho é de notável diversidade e isso mostra a capacidade que essas obras possuem de atingir
todo e qualquer público, independente de sexo ou idade, valorizando
características da tradição japonesa, tal como cenário, costumes, hábitos,
expressões, enfim, a realidade japonesa pode ser vista nessas obras, sendo expressa
de forma discreta ou não. É então evidente a rica cultura que o Japão possui, pois
a produção de mangás e animes é um setor que cresce e evolui a cada ano,
tornando-se popular não só no Japão como em outros países, como é o caso do
Brasil.
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