É de barbarixá, é de balacubaca

Quer aprender? Pegue uma latinha e bate uma na outra
Brena Queiroz

            “Que som é esse, mano, que o povo tá dançando e vem de lá pra cá?” Ivete Sangalo pode até estar fazendo referência ao berimbau metalizado, mas essa quase descrição se encaixa perfeitamente quando falamos do axé! A saudação religiosa no candomblé e umbanda – que designa energia positiva – virou ritmo na década de 80, especialmente na Bahia.  Numa mistura de frevo, reggae, merengue, forró, maracatu e ritmos afro-brasileiros, a música tomou as paradas de sucesso além de ser marca registrada de todo carnaval.          
            Muitos podem achar que a história começou naquela década, mas as origens do axé ultrapassam os 30 anos precedentes.
(Foto: carnavalemsalvador.net)
Tudo começou nos anos 50, quando Dodô e Osmar começaram a tocar frevo na guitarra elétrica em cima de um carro, o Fobica. Nascia então o trio elétrico, a atração dos carnavais. Tempo depois, Morais Moreira, que participava da banda Novos Baianos, teve a mesma ideia de subir em um trio, só que dessa vez para cantar. Ao passo crescente da popularidade dos trios,crescia – em paralelo – a proliferação dos blocos afro, que tocavam e misturavam os ritmos africano e brasileiro, com a batida do maracatu e do samba. As bandas Araketu e Oludum foram os grandes sucessos. O Olodum, que de início era uma banda, foi o primeiro bloco afro de grande porte a desfilar na Barra. Isso ocorreu especificamente em 1988 e teve alusão ao centenário da abolição da escravatura no Brasil.

                Tempos depois, surgiu o samba-reggae, afirmando a negritude e fazendo o maior sucesso em Salvador. Outros grandes artistas que surgiram na época foram Tonho Matéria, Luíz Caldas, a banda Reflexus, Margareth Menezes – a primeira a engatilhar carreira internacional – e a saudosa banda Chiclete com Banana, tradição de muitos brasileiros até os dias atuais.
(Fotos: queroabada.com.br; guiadasemana.com.br; culturabaiana.com.br)
            Em 1992, o Araketu fez mixagem eletrônica nos tambores e criou um disco que foi lançado apenas na Europa. No mesmo ano, quem fez o Brasil se render ao axé foi Daniela Mercury, que lançou o sucesso“O Canto da Cidade”.É importante lembrar que esses precursores ajudaram a abrir as portas para as novas bandas, como Asa de Água, Ricardo Chaves e Banda Eva, que revelou a artista citada no início do texto, a saudosa Ivete Sangalo.



            Com isso, o axé se fortaleceu como indústria cultural e ficou cada vez mais comum novas bandas aparecerem com alternativas para a música baiana. Quem conseguiu fazer isso muito bem foi a Timbalada, liderada por Carlinhos Brown, que resgatou o som dos timbaus - os mesmos instrumentos utilizados nos terreiros de candomblé, alicerçando cada vez mais o significado do ritmo.
Formação original do É o Tchan.
(Foto: correiodeuberlandia.com.br)

            Há 18 anos, em 1995, um grande sucesso estourou no ramo. O grupo Gera Samba lançou a música É o Tchan. O hit marcou a geração daquela época que, envolvida pelo ritmo, seguia à risca a coreografia. O sucesso foi tão grande que o grupo foi renomeado com o nome da canção e vendeu mais de um milhão de discos.
            Não só o Tchan balançou o brasileiro naqueles anos. O cantor Netinho e o grupo Terrasamba, por exemplo, também disputavam o mercado. A exposição do ritmo e das bandas nos meios de comunicação foi tão grande que a indústria esgotou e a venda de discos diminuiu.
Nos últimos 13 anos, alguns dos velhos artistas se coroaram como nomes do axé. Ivete Sangalo, por exemplo, apareceu em destaque no início de 2001 com a música “Festa” e nesse ano lançou a música “Dançando”, o novo sucesso da cantora. Quem também cresceu nesses anos foi Claudia Leitte que, no início, era vocalista do Babado Novo. Nos últimos meses Claudinha – como é chamada – lançou o hit “Largadinho”, sucesso em todas as rádios e festas. Outros sucessos pertencem à Banda Beijo (hit Bate Lata), Asa de Águia (Quebra aê) e Daniela Mercury (MaimbêDandá).
            Não se pode esquecer dos novos nomes dos últimos 3 anos. Léo Santana, vocalista do Parangolé, lançou os sucessos “Rebolation” e a “Dança do Arrocha”. A banda Leva Nóiz foi sucesso absoluto nos carnavais de dos últimos anos com o hit “Liga da Justiça”. E o mais recente de todos foi o “Ziriguidum”, da recente Filhos de Jorge. A canção envolvente não ficou para trás e foi interpretada por bandas de ritmos diferentes.
            É importante salientar que, mesmo que se lembre da Bahia quando ouvimos falar do axé, nem toda canção produzida lá é desse gênero, da mesma forma que não é só nesse estado que se produz esse tipo de música. O axé é característica nordestina e não encanta ou influencia somente os conterrâneos, mas a todos os brasileiros que são ecléticos e que gostam de um gingado. 



Quer curtir um pouco mais do axé? Confira a playlist com os principais sucessos! 



2 comentários:

Unknown disse...

Devemos estar atentos a mensagens subliminares na música, pois a mesma meche com o lado espiritual do ser humano

Unknown disse...

Devemos estar atentos a mensagens subliminares na música, pois a mesma meche com o lado espiritual do ser humano

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