Eles não
tinham diploma, mas marcaram a cinematografia
Por Brena Queiroz
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(Foto: historiadomundo.com.br) |
Filhos de um casal humilde e nascidos em Besançon - França, Auguste Marie Louis Nicholas Lumière (1862-1954) e Louis Jean Lumière (1864-1948), conhecidos como os irmãos Lumière, são considerados os pais do cinema graças a sua principal criação: o cinematógrafo.
A paixão pela fotografia surgiu graças ao pai, Antoine Lumière. Criador e proprietário da Usina Lumière, localizada em Layon, soube transmitir aos filhos o valor de aperfeiçoar, desenvolver e improvisar no ramo. Quando suas experiências na criação de placas fotográficas não deram certo, foram seus filhos que resolveram retomá-las e, dotados de paciência e inteligência, chegaram a uma fórmula final, tornando-se os primeiros fabricantes de placas secas da região. Aumentando a jornada diária de trabalho, os irmãos Lumière fabricavam diariamente, em média, mil e quatrocentas placas.
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Utilizadas para captar as imagens,
as placas fotograficas foram utilizadas a partir de 1850 (Foto: tempoantiguidades.com.br) |
Tornaram-se respeitados empresários e, mesmo com os endividamentos causados pelo pai, melhoram os negócios e deram oportunidade da família viver, pela primeira vez, confortavelmente. A fábrica, que antes era um pequeno galpão, evoluiu e ao patrimônio foi incorporada uma fábrica de vidro, parte de uma indústria de produtos químicos, de papel e outros
acessórios.
Os irmãos, que sempre se encontravam para discutir assuntos e definir o rumo da empreitada, passaram a desenvolver seus próprios materiais quando não os encontravam à venda. Trancavam-se no laboratório e só saíam ao inventar o instrumento desejado. Foi nesse contexto que Auguste começou a se interessar pela imagem em movimento.
A inspiração maior veio de Thomas Edison que, em 1891, apresentou ao público o kinetoscopio, que permitia a um único espectador observar o filme que se passava. Quando os irmãos se depararam com aquela criação, estudaram um meio de captar imagens, revelá-las e projetá-las num movimento semelhante ao da vida real.
As pesquisas duraram meses até ser criado o cinematógrafo, aparelho movido à manivela que permite registrar uma série de instantâneos fixos, em fotogramas – dezesseis por segundo, criando a ilusão do movimento e projetando imagens animadas sobre um anteparo em tela ou ecrã. E é essa invenção que constitui o marco inicial da história do cinema.
A primeira exposição ao público do cinematógrafo ocorreu em 28 de setembro de 1895, na Eden, primeira sala de cinema do mundo situada em La Ciotat, no sudeste da França. A saída da fábrica foi o primeiro filme a ser exibido e logo após os irmãos produziram também O Jardineiro e Chegada de um trem à estação de laCiota. Depois das exibições, a cultura popular da época adquiriu patamar importante e nunca mais foi a mesma.
Sem perder tempo, os operários das máquinas eram treinados na fábrica e enviados a dezenas de cidades para apresentar a invenção ao mundo. O sucesso foi imediato e os irmãos, não se contentando apenas com o título de inventores, fabricaram aparelhos e películas, além de se tornarem distribuidores dos seus próprios filmes.
O lucro da invenção foi imenso e o cinema popularizado muito rapidamente. Entre 1895 e 1896, mais de 20 países já realizavam as exibições.O cinematógrafo transformou o século XX, interferindo na forma de ver e conhecer o mundo. Buscou narrar, explicar e apreender acontecimentos que envolviam os homens da época e os incentivaram a buscar o divertimento. Possibilitou a preocupação do audiovisual e serviu de impulso para outros pesquisadores.
Hoje, 117 anos após a primeira exibição, a criação encontra-se no museu do Instituto Lumière em ótimo estado de conservação e representa a memória viva daqueles que, sem ter a mínima noção das consequências do projeto, revolucionaram a arte.
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