Por Natália Noro
Com
seus rodopios e dança cigana, Carmencita foi, segundo o historiador Charles
Musser, a primeira mulher a aparecer na frente de uma câmera cinematográfica de
Edson, em 1984. Desde então, as lutas feministas na sociedade urbana patriarcal
ajudaram a mulher a conquistar seu espaço também nas telonas.
Na
década de 20, a classe feminina era recatada
e submissa, exercendo atividades maiores dentro de casa. No cinema, as
personagens foram deixando de representar papéis secundários para ganhar mais
enfoque e diversidade de interpretações,
permitindo maior profundidade na caracterização das personagens femininas que
não existia até então.
Atriz,
produtora, roteirista e diretora, Carmen Santos é considerada a mulher mais
importante do cinema brasileiro, pois quebrou com o paradigma de representar um
papel de musa, como acontecia com os papéis femininos da época para ser, inclusive,
dona de um estúdio.
Na
década seguinte, o cinema foi fundamental para influenciar novos costumes e
modas. Surge a figura das "pin-up girl" com imagens ligada ao
fetichismo, sendo consideradas os novos
estereótipos femininos da época. A atriz sueca, Greta Garbo (A dama das
camélias, 1936), se torna ícone de elegância por sua forma magra, esportiva
e bronzeada.
Entre
os anos 40 e 50, com os ressentimentos Pós-guerra, se retoma as tradições e a
mulher que antes apoiavam na defesa dos países, agora retrocedia em alguns
hábitos como casar cedo e ser dona do lar. Em contraposição, no cinema, surgem
os films noir associados a filmes policiais em que a mulher desempenha
um papel de "femme fatale".
Segundo a professora do
Departamento de Artes da UFRN, Maria
Helena Braga, "é uma das primeiras vezes em que a personagem feminina não
é apenas o par romântico ou aquela que esteja confinada no lar e seja
subalterna às vontades da figura masculina". Nesse papel, "a mulher
usa do poder de atração sensual e sexual para manipular a personagem masculina
a favor dela, e apesar de ser sempre punida, ela é colocada como um personagem
muito forte, sendo a onipresença e onisciência da narrativa".
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Marilyn Monroe (Foto: Getty Images) |
Como, então, falar de sensualidade no cinema dos anos 50
sem lembrar dos loiros cabelos e vestidos esvoaçantes de Marilyn Monroe?
Marilyn, com seu visual glamouroso e representando mulheres fortes e
independentes, contribuiu para a emancipação da
mulher americana, permitindo uma conscientização
sobre a figura feminina e deixando de ser
tratada como objeto para ser considerada digna de respeito e proteção.
Já
nos anos 60 até os anos 80, tem-se a revolução sexual e a mulher começa a
ganhar mais destaque e ir atrás de sua independência. Nos filmes, as
personagens femininas são retratadas com crises existenciais e conflitos
familiares, ganhando mais destaque e rompendo com padrões de vida da sociedade
patriarcal.
Mas
foi a partir dos anos 90 que, de acordo com a professora, "começou a haver
uma representação menos preconceituosa em termo da construção da personagem
feminina". Já independente, a mulher sabe o que quer da sua vida sexual e
toma iniciativas sugerindo que essa independência pode ocasionar num final
feliz. Filmes como Thelma e Louise (1991) e Instinto Selvagem (1992)
retratam essa realidade.
Atualmente,
as mulheres estão presentes em menor número em torno da Sétima Arte, porém tão
qualificada quanto qualquer homem. Temas do universo feminino são discutidos
abertamente e não há nenhuma função que não seja exercida. Cinéfilas de
plantão, já podem sonhar com a sua estrela na calçada da fama em Hollywood!
1 comentários:
Matéria perfeita! Marilyn sempre diva<3 Só senti falta de citarem a Audrey, mimimi :(
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