Garra, determinação, um dom natural e mais de 35 anos de artesanato.
Por Brena Queiroz
![]() |
(Fotos: Brena Queiroz/ Edição de imagens: Andressa Dantas) |
Nascida em Quixadá,onde a maioria é
artesão, Rosymeiry Bezerra da Silva (54) trouxe para o povo potiguar seu dom
natural com a arte. No Ceará, onde as raízes do artesanato são mais fortes, ela
construiu sua história no ramo que lhe rendeu bons frutos.
Como a maioria dos cearenses, dona
Rosa, como é conhecida, mudou-se
para Fortaleza a estudo e, com a mãe doente, precisou trabalhar aos 13
anos. Nessa época, ela afirma que o lado artístico já havia despertado e, por
brincadeira – mas com uma habilidade incrível – já fazia pinturas em casa e era
até mesmo paga pelos colegas de colégio para fazer seus trabalhos. A
oportunidade de emprego surgiu em uma própria empresa de artesanato. Na seleção
de quem iria ficar com a vaga, a orientadora desconfiou da menininha, mas
quando viu seu trabalho não pensou duas vezes. Ela agora tinha como ajudar em casa.
Como era muito nova, a carteira não foi assinada e foi estabelecido um tempo
próprio para o estudo, afinal, a escola não poderia ficar em segundo plano.
Trabalhou nessa empresa até os 16
anos e, dentro desses três anos de trabalho, sua carteira foi assinada. Na
mesma época sua mãe faleceu e o pai recebeu uma proposta em Natal, para onde
foi transferido.
Chegando aqui, trabalhou longe do
artesanato, mas sempre continuou com a vontade de criar suas próprias peças.
Casou aos 18 anos e concebeu três filhos. O primeiro, Márcio Bezerra (34),
nasceu com necessidades especiais e dona Rosa precisou assumir sua postura de
mãe e dona de casa. Nesse tempo de cuidados, retomou a pintura – sua principal
habilidade – e alimentou maissua vontade de crescer no ramo. Em dois anos
Hueids Bezerra (32) nasceu e, em cinco, Raquel Bezerra (29) veio ao mundo.
Com os filhos nascidos, Rosy se
dividia em ajudar o marido no comércio, auxiliar no crescimento dos filhos e em
criar suas peças. Começou a expor e vender seu trabalho na lojinha do Programa de Apoio ao Estudante (PAE),
onde Márcio era assistido. Enquanto acompanhava seu filho, ela pintava com as
outras mães que, admiradas com o trabalho da amiga, deram a sugestão da venda.
A partir daí suas peças começaram a ser conhecidas.
Em casa,preparando encomendas para
amigos e até mesmo fazendo da arte um hobby, ela influenciou seu filho Hueids –
e afirma isso com orgulho. Ele, formado em turismo, nunca deixou o artesanato
de lado e hoje cria suas peças em madeira, conchas e búzios, sua especialidade.
Dona Rosa sempre teve vontade de
abrir sua própria loja, mas para crescer e alcançar esse objetivo, precisou vender
a arte corpo a corpo. Sem vergonha de nada e com muita determinação – o que ela
afirma ser marca registrada de todo cearense, foi ao calçadão da praia de Ponta
Negra e trabalhou diretamente com turistas. Para ela, foi uma ótima
experiência. A praia servia de inspiração e fez com que ela percebesse que não
trocaria sua profissão por nada.
Em mais ou menos cinco anos concretizou
seu sonho e fundou, com ajuda de seus filhos, (principalmente da Raquel, que
entende do ramo) sua própria loja, a Brasilidades
– no shopping do Artesanato Potiguar. No início, Rosymeiry conta que a loja
possuía pouco material e que um dos fatores importantíssimos para o crescimento
foi a exposição em feiras de artesanato, as quais possibilitou muitas
parcerias.
Hoje, com seu próprio ateliê
eprestes a tomar posse do cargo de presidente do Sindarte - Sindicato dos Artesãos, dona Rosa
tem planos. Fala que o estado precisa de ações que incentivem o artesanato e
lembra, com tristeza, que muitos conterrâneos não conhecem o trabalho de seus
próprios artesãos. Diz que, na sua nova condição, vai buscar e impulsionar no
estado as pessoas que querem mostrar seu trabalho e nota que o Rio Grande do
Norte é um estado rico para a área. “Temos
palha de carnaúba, temos as praias (...) o que acontece é que muitos artistas
não tem condições de fazer e expor seu trabalho”.
Guerreira, o que se espera é a
realização desse objetivo. Ser artesã, de fato, já estava em seu sangue.
Cearense, mas potiguar de coração, dona Rosa, de fato, é um orgulho para todos
aqueles que conhecem seu trabalho. E principalmente influência para todos os
outros que também desejam transformar seus sonhos em arte.
0 comentários:
Postar um comentário